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Se você não tem muita clareza sobre o que é andragogia, não se preocupe. Separamos, neste post, informações importantes para você dominar o conceito, entender os seus princípios, sua importância e, de quebra, vamos ensinar uma técnica de aplicação desse método. Confira!

O que é andragogia?

O termo andragogia foi utilizado por Malcolm Knowles, na década de 1970, para se referir à ciência ou ao método empregado para orientar o aprendizado de adultos. A necessidade do desenvolvimento dessa técnica surgiu a partir da percepção de que adultos e crianças aprendem de formas diferentes.

Foi com base nisso que passaram a ser desenvolvidas maneiras específicas para a aplicação de cursos, workshops, palestras e treinamentos, inclusive em ambiente empresarial. O resultado é um aproveitamento superior no processo de ensino-aprendizagem e consequente melhoria nos resultados obtidos pelas organizações.

Assim como o ensino infantil é baseado em práticas pedagógicas — “paidós” (criança) + “agogé” (condução) —, o ensino de adultos é pautado em práticas andragógicas — “andros” (homem) + “agogé” (condução).

Nesse sentido, a andragogia propõe um método de aprendizagem muito mais autônomo, no qual o adulto é sujeito atuante na educação e não apenas objeto dela. Por isso, são incluídos nos processos de aprendizagem fatores como experiência, valores pessoais e habilidades profissionais.

Dessa forma, aprender se torna um exercício de aplicação constante do conhecimento, no qual o profissional precisa interagir com aquilo que está recebendo. No contexto organizacional, isso é muito relevante, uma vez que estimula o conhecimento prático, tornando o aprendizado mais prazeroso e dinâmico.

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Quem foi Malcolm Knowles e qual a sua relação com a história da andragogia?

Conforme explicamos no tópico anterior, a andragogia foi um conceito desenvolvido por Malcolm Knowles, que é tido como o pai dessa atividade. Além disso, seu nome figura entre os principais teóricos responsáveis pelo desenvolvimento da chamada Teoria Humanista de Aprendizagem.

É impossível explicar o que é andragogia, sem falar em Knowles, que nasceu em 24 de abril de 1913, na cidade de Montana, nos Estados Unidos. Na infância, ele acompanhava seu pai, Albert Dixon, que era veterinário e viajava bastante a trabalho. Essas viagens serviram para que Malcolm desenvolvesse uma visão mais humanista da sociedade, pois, desde pequeno, ele se viu inserido em rodas de conversas profissionais e reuniões, mesmo que não fossem de sua área de atuação.

A mãe de Malcolm, Marian Straton Knowles, era dona de casa e sempre incentivou muito o filho. Foi ela que aconselhou que ele entrasse para o grupo de escoteiros da cidade em que eles moravam. Conforme o estudioso relata em seus livros, foi com os escoteiros que ele aprendeu sobre como o trabalho em equipe é importante, bem como a educação como um todo.

Em 1930, quando tinha 17 anos, Malcolm terminou os estudos na Escola Secundária Palm Beach, ingressando logo em seguida no curso de Filosofia da Universidade Harvard, na qual ganhou uma bolsa de estudos.

Além de Filosofia, o pai da andragogia também se formou em História, Ciência Política, Ética e Direito Internacional. Como se pode perceber, sua formação versava por diversas áreas do conhecimento, sempre no campo das Ciências Humanas, o que permitiu que ele tivesse uma visão mais voltada para o lado emocional.

Além dos cursos de graduação, Malcolm também fez mestrado e doutorado em educação na Universidade de Chicago. Nessa época, ele foi orientado por Cyril Houle, um renomado estudioso sobre a educação para adultos, que foi uma grande inspiração em toda a sua trajetória.

Após o término do doutorado, o teórico foi contratado como professor na Universidade de Boston, onde foi responsável por lecionar, justamente, uma disciplina de educação para adultos, onde explicava a seus alunos o que é andragogia.

A partir da segunda metade do século XX, Malcolm Knowles passou a ser uma figura central na educação para adultos dos Estados Unidos. Isso aconteceu depois de a sua teoria da andragogia ser inserida em escolas americanas, que formavam adultos que não tiveram a oportunidade de estudar quando mais novos.

Entre as principais bandeiras defendidas por Malcolm é a de que a educação para adultos não é igual a educação para crianças. Para ele, assim como existe uma área da educação voltada para o ensino dos pequenos — a pedagogia —, também deveria ser desenvolvida uma ciência que fosse voltada para o ensino de pessoas mais velhas.

Esse assunto é muito debatido em suas obras, sobretudo no livro “The modern practice of adult education: pedagogy vs. andragogy”. De uma forma simplista, podemos dizer que o teórico fazia distinções entre a pedagogia e a andragogia, sendo que a primeira é voltada para o ensino de crianças e a segunda para o ensino de adultos.

Malcolm Knowles lançou vários livros, sendo que muitos deles não foram traduzidos para o português. Entre as principais obras, podemos destacar:

  • Andragogy, not pedagogy (1968);
  • The modern practice of adult education: pedagogy vs. andragogy (1980);
  • Andragogy in action: applying modern principles of adult learning (1984);
  • The making of an adult educator (1989);
  • The adult learner: the definitive classic in adult education and human resource development (2005, póstumo).

Malcolm Knowles morreu em 27 de novembro de 1997, aos 84 anos. Apesar de não estar mais entre nós, seu legado e sua obra seguem norteando a educação para adultos até os dias de hoje, tendo muita relevância para os estudiosos da área.

Quais são os princípios mais importantes da andragogia?

A andragogia segue alguns princípios básicos que permitem garantir sua eficiência. Eles são trabalhados nas obras de Malcolm Knowles, que os explica com maestria. Confira os principais deles, nos tópicos a seguir!

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Necessidade de saber

A necessidade diz respeito à aplicabilidade que os adultos percebem no processo de aprendizagem. Desse modo, é preciso ficar evidente o que, de fato, eles ganharão ao aplicar seus esforços em determinada atividade.

Para estimular adultos a aprender, especialmente em ambiente empresarial, é importante escolher conteúdos relevantes, que estejam relacionados com a área de atuação e com as atividades do dia a dia. Dessa forma, ele consegue aplicar seus novos conhecimentos na resolução de problemas reais.

Uma queixa comum de alunos adultos em cursos é o fato de alguns deles focarem muito na parte teórica e deixarem de lado a prática. Assim, não é possível compreender, de fato, um valor agregado ao que está sendo estudado.

Por conta disso, é recomendado que sempre sejam alinhados conhecimentos práticos e teóricos, para que os alunos saibam como aplicar as teorias estudadas em seu dia a dia profissional.

Autonomia do aprendiz

O segundo princípio diz respeito à capacidade e necessidade do ser humano de realizar suas próprias escolhas e tomar as próprias decisões. De acordo com variáveis como tempo, lugar, ritmo e estilo de aprendizagem, os adultos precisam ter condições de definir:

  • quando;
  • como;
  • o que aprender.

educação EAD, por exemplo, é hoje uma excelente forma de possibilitar que os adultos consigam estudar mais. Para isso, no entanto, é necessário que sejam impostas regras e normativas, como prazos para entregar trabalhos e uma demonstração de como os conhecimentos desenvolvidos podem ter utilidade.

Quando nos perguntamos o que é andragogia, talvez não pensemos em gamificação em um primeiro momento, mas esse é um bom exemplo da aplicação dessa teoria. Os jogos garantem que possam ser simuladas situações reais, para que os adultos saibam como agir em determinadas situações.

Experiências anteriores

É importante considerar que cada ser humano, principalmente adulto, carrega consigo uma carga relevante de experiências e vivências que devem ser encaradas como a base do aprendizado.

A partir disso, as pessoas gostam de dividir suas experiências e aprender com base no conhecimento empírico dos outros. Dessa forma, costuram relatos e compartilham informações para tecer novos conhecimentos.

Nos cursos para adultos, é importante que seja estimulada a participação dos alunos nas aulas, para que eles possam identificar situações pelas quais já passaram, dentro do contexto que está sendo estudado e ainda compartilhar isso com os colegas, contribuindo para o entendimento de todos.

Prontidão para aprender

Em geral, é possível afirmar que a necessidade de aprendizado é uma reação gerada pela vontade de se adaptar a uma determinada realidade ou cumprir certas tarefas. Dessa forma, adultos buscam aprender para enfrentar algumas situações da sua vida.

Assim, é preciso alinhar as ações educacionais adotadas aos desafios e objetivos profissionais ou de vida de um indivíduo para provocar a sua “prontidão para aprender”. O professor ou ministrante de cursos, nesse sentido, precisa ter a expertise para identificar quando os seus alunos atingem esse ponto.

No meio empresarial, convém que as empresas adotem uma postura na qual os próprios funcionários podem sugerir os temas sobre os quais podem aprender. De tal modo, a organização pode pesquisar e contratar cursos que sejam voltados para essa área e assim consigam obter mais resultados positivos.

Orientação para aprendizagem

A aprendizagem se torna mais fácil quando está em um contexto aplicável, em que é possível medir resultados e orientar teorias para a resolução de problemas reais.

Por essa razão, é muito importante que a aprendizagem de adultos envolva “ganchos” constantes para a solução de problemas do dia a dia de trabalho ou mesmo da vida pessoal. Quanto mais prática for a abordagem e quanto maior a possibilidade de contextualizar determinado conceito, maior a sua fixação.

Ou seja, é preciso adaptar o conteúdo para que ele não seja meramente teórico, mas para que também consiga trazer mais resultados positivos para as rotinas pessoais ou de trabalho de cada colaborador. Assim, tanto a empresa quanto o funcionário perceberão mais valor nos cursos realizados.

Motivação para aprender

Muitos podem ser os fatores de estímulo para que um adulto busque o processo de aprendizagem. É possível até que oportunidades como uma promoção ou aumento de salário incentivem a procurar uma nova formação, por exemplo. Mas existem outros aspectos muito mais relevantes para a motivação humana, tais como:

  • a satisfação pessoal;
  • a autorrealização;
  • o reconhecimento profissional;
  • a melhor qualidade de vida;
  • o aumento da autoestima;
  • entre outros.

Por que ela é tão importante no aprendizado de adultos?

A maior relevância da andragogia no ensino de adultos é conseguir fornecer ambientes, técnicas e metodologias de ensino que realmente estejam adequadas à realidade desse público. Ao contrário das crianças, que ainda não têm objetivos profissionais ao aprender, os adultos necessitam encontrar uma motivação em tudo, caso contrário, eles não terão interesse em continuar fazendo um curso.

Para entender por que ela é tão importante no aprendizado de adultos, basta exercitar a visão contrária a essa aprendizagem: imagine uma turma de crianças assistindo aulas e desenvolvendo dinâmicas específicas para adultos. Seria praticamente impossível mantê-las concentradas e focadas por muito tempo.

Da mesma forma que se torna essencial buscar meios para captar a atenção e o interesse infantil em salas de aula, também é indispensável pensar nessas soluções para os adultos. Com isso, se obtém uma educação mais eficiente e qualificada.

Para isso, se utilizam estratégias customizadas que devem fazer parte do projeto de educação corporativa das empresas.

Como aplicar esse conceito nas empresas?

A parte mais importante em aplicar o conceito de andragogia é entender que essa prática não requer um professor, mas sim um facilitador ou alguém disponível para orientar o aprendizado, mostrar caminhos e trocar experiências.

Das técnicas utilizadas para implementar o conceito de andragogia nas empresas, separamos uma das mais interessantes. Confira a seguir.

Método 70, 20, 10

método 70:20:10 diz respeito a uma prática de aprendizagem e desenvolvimento em ambiente corporativo, desenvolvido por:

  • Morgan McCall;
  • Robert Eichinger;
  • Michael Lombardo;
  • Allen Tough.

Com ele, as pessoas aprendem pela experiência, pelo compartilhamento de ideias com os outros e também pela educação corporativa formal. Basicamente, a técnica consiste em dividir o aprendizado em:

  • 70% de aprendizado prático, dinâmico e criativo, enfrentando desafios, experimentando novas soluções, repetindo vivências e assumindo responsabilidades;
  • 20% de aprendizado com outras pessoas, trocando relatos de vivências, ideias, conhecimentos, situações profissionais, observando e se espelhando;
  • 10% de aprendizado formal, assistindo a cursos, seminários, palestras, participando de workshops e lendo materiais.

Aplicando essa técnica a uma rotina convencional de trabalho, de 40 horas semanais, é possível dividir a carga horária de um funcionário em cargo de liderança, por exemplo, da seguinte maneira:

  • 28 horas voltadas para atividades práticas e de rotina, que envolvam resolução de problemas e conflitos, comunicação interna, execução de processos, tomada de decisão etc.;
  • 8 horas de aprendizado junto a mentores e outros profissionais que tenham expertise em liderança e gestão de pessoas;
  • 4 horas destinadas a treinamentos formais, cursos de aperfeiçoamento, leitura e afins.

Agora que você aprimorou seus conhecimentos sobre o que é andragogia, é importante ressaltar que a aplicação dessa técnica exige aperfeiçoamento constante, portanto, o ciclo deve ser sempre reiniciado e ajustado de acordo com as necessidades atuais do cargo/profissional. Essa não é apenas uma forma de distribuir tarefas, mas uma metodologia de aprendizado que deve desenvolver pessoas.

Agora que você já sabe o que é andragogia e qual a sua importância, que tal continuar aprendendo e ler o nosso guia completo da educação corporativa?